O Comitê de Igualdade de Gênero (GEC) da Aliança Cooperativa Internacional marcou o Dia Internacional da Mulher com uma declaração sobre a importância da igualdade de gênero no domínio digital.
Comemorado a cada 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é celebrado pelas Nações Unidas desde 1977. Este ano o dia leva o tema “ DigitALL: Inovação e tecnologia para a igualdade de gênero ”, na tentativa de reconhecer e celebrar as mulheres e meninas que defendem o avanço da tecnologia transformadora e da educação digital.
A declaração do GEC destaca que as mulheres estão sub-representadas em empregos de tecnologia da informação e comunicação (TIC), alta administração e carreiras acadêmicas, enquanto os homens têm quatro vezes mais chances do que as mulheres de serem especialistas em TIC. A declaração aponta que apenas 0,5% das meninas de 15 anos desejam se tornar profissionais de TIC, em comparação com 5% dos meninos ( OECD, 2018 ). Além disso, apenas 1% das candidaturas para vagas em Inteligência Artificial são de mulheres ( PNUD, 2021 )
“Conforme observado pela ONU Mulheres, a menor integração de mulheres e meninas no mundo digital diminui suas chances de seguir carreiras em áreas relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, acrescenta o comunicado.
Alguns dos fatores que levaram à sub-representação de mulheres e meninas no setor incluem normas e estereótipos de gênero, acessibilidade da Internet e de dispositivos digitais, falta de alfabetização e habilidades digitais, viés de gênero no design e lacunas no acesso a serviços, falta de oportunidades de emprego e empreendedorismo no setor digital, violência cibernética e segurança das mulheres.
Como as cooperativas podem ajudar a resolver os problemas? A declaração argumenta que as cooperativas são pioneiras na luta contra os preconceitos de gênero e na quebra da lacuna de gênero digital.
“Os valores e princípios cooperativos criam uma base sólida para gerar diálogo e mudança, que são cruciais para combater a desigualdade de gênero”, afirma.
O GEC vê plataformas e cooperativas de tecnologia em particular como ferramentas para abordar a lacuna digital de gênero, promovendo transparência, democracia e propriedade da comunidade. Mas outras cooperativas também podem desempenhar um papel, acrescenta o comunicado.
“Ainda assim, a inclusão e a participação digital não são exclusivas da economia digital, mas são fundamentais em todos os setores da economia”, diz o texto. “As cooperativas estão trazendo medidas para promover a equidade de gênero no contexto da digitalização, oferecendo oportunidades iguais para mulheres e homens ocuparem cargos de TIC, acordos de trabalho flexíveis, bem como acesso a ferramentas digitais; promovendo a educação digital entre as mulheres; e organizando campanhas de conscientização que desafiam os estereótipos de gênero digital existentes.
“As cooperativas são uma força motriz para a igualdade e equidade de gênero no mundo digital. Conforme observado no extrato do Monitor Cooperativo Mundial de 2022 “Grandes cooperativas: digitalização, participação e democracia” , a transformação digital oferece novas oportunidades para incentivar a participação democrática, que é a pedra angular das cooperativas. As mulheres não podem ser excluídas desta participação e devem estar envolvidas em todos os tipos de papéis e níveis de tomada de decisão.”
Há também benefícios mais amplos de um mundo digital inclusivo de gênero – de acordo com o PNUD, alcançar a igualdade de gênero na liderança apenas na indústria de tecnologia pode adicionar US$ 430 a US$ 530 bilhões em produtividade global.
Envolver as mulheres na inovação e desenvolvimento tecnológico levará a projetos e produtos mais inclusivos e sensíveis ao gênero, enquanto a educação digital pode proteger mulheres e meninas da violência baseada em gênero em espaços digitais, acrescenta a declaração.
“O Comitê de Igualdade de Gênero da ICA se esforça para a plena inclusão e participação de mulheres e meninas em inovação e tecnologia”, afirma. “Como sociedade, não podemos desperdiçar o talento, as ideias e as habilidades de metade da população. Continuaremos trabalhando para que nossas meninas sonhem tanto quanto os meninos em se tornar matemáticas, desenvolvedoras de software ou agrônomas. Ancorado em seus valores e princípios, o movimento cooperativo oferece um ambiente adequado para reduzir efetivamente a divisão digital de gênero e avançar em direção a comunidades sustentáveis, inclusivas e empoderadas”.
A ONU está realizando um evento de alto nível para o dia em sua sede em Nova York, reunindo tecnólogos, inovadores, empreendedores e ativistas pela igualdade de gênero para oferecer uma oportunidade de destacar o papel de todas as partes interessadas na melhoria do acesso a ferramentas digitais.
Os oradores principais incluem António Guterres, secretário-geral da ONU; Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres; e Mathu Joyini, presidente da 67ª Comissão sobre a Situação da Mulher.