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Publicado: 11/11/2016

Empreendendo e gerando valor com uma cooperativa!

Cada vez mais e mais o mercado exige qualificação das pessoas, passando pelo estágio até altas funções de liderança. Hoje, um profissional “nota sete” já recebe aquela indesejada mensagem: “Obrigado, mas houve outros candidatos mais aderentes ao perfil da vaga. Torcemos pelo seu sucesso e te esperamos para futuras oportunidades”.

É bem verdade que a crise que o Brasil atravessa afunila ainda mais esse processo. São muitos profissionais competentes em busca de pouquíssimas vagas disponíveis e, naturalmente, com maior concorrência, eleva-se o nível de exigência.

É natural que intercâmbios, boa formação acadêmica, oratória e habilidades interpessoais tenham muito valor. No entanto, fielmente acredito que o maior valor é o de entrega, o de capacidade de execução. Ser alguém capaz de produzir resultados consistentes.

E essa lição vem de vários personagens da sociedade. A primeira imagem que vem a mente são grandes ícones de sucesso. Okay, caro leitor, a mídia veicula essas pessoas com mais frequência, dada a grandeza dos seus atos, mas e os personagens desconhecidos da sociedade?

Recentemente tive a oportunidade de conhecer uma Cooperativa de Catadores de Material Reciclado. Eu já poderia parar por aqui com a informação de que é um local que auxilia cerca de 30 famílias diretamente a garantir o seu sustento, proveniente do lixo. Mas aquele espaço exalava tanto empreendedorismo e entrega que precisava ser compartilhado!

A Cooperativa conta com três coordenadores. Um em especial, foi catador de lixão a vida inteira. Apesar de a situação jogar contra o seu sucesso, ele hoje ministra aulas, possui pós-graduação, e demonstra um profundo conhecimento da legislação aplicável ao segmento.  

Percebi lá dentro que existe uma forma de trabalho facilmente entendida por todos, desde o início da cadeia produtiva com a chegada do caminhão de lixo até a saída com os fardos prensados. Dava pra ver um sentimento forte de colaboração no trabalho do próximo, seja por amizade ou por conta do lucro final ser distribuído igualmente no fim do mês. A propósito, o livro caixa ficava aberto e ao acesso de todos.

Se hoje os coordenadores já não estão metendo a mão no lixo, não perderam o foco nas pessoas que o fazem. Buscam fazer parcerias com outras instituições, para que cuidem gratuitamente da saúde e educação daquelas famílias e sempre buscam reforçar a dignidade humana e a autoestima. Havia até uma mini academia, um mini salão e uma churrasqueira. Tudo através de material doado.

A preocupação com a comunidade não poderia ficar de fora. O espaço é cedido gratuitamente no final de semana para um trabalho voluntário com as crianças. E quantas empresas fecham suas portas em vez de fazê-lo, por medo de custos extras, não?

O plano de metas é agressivo (ainda que não exista, formalmente falando). Enquanto as famílias trabalham, os coordenadores vão para rua, buscar mais parceiros que façam coleta seletiva e possam destinar o lixo para a cooperativa.  

A inovação não foi esquecida, jamais. Estão aos pouquinhos adquirindo máquinas para que, além de vender garrafa PET prensada, possam fazer vassouras de material reciclado e aumentar o que recebem por esse material.
 
Já conheci muita gente que teve “do bom e do melhor” por toda a vida e nunca apresentaram a entrega que esses queridos catadores apresentaram.

E essa é justamente a grande lição que eu tive. O estudo e as oportunidades que recebemos são fundamentais, mas de nada valem se não houver brilho nos olhos e execução.

Daniel Santiago Coutinho de Miranda - Assessor de Planejamento e Gestão Estratégica na Procuradoria Regional da República


Fonte: Publicado no Portal Administradores.com

 

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